O Rato Escritor, como
o nome indica, é um blog criado para aqueles que, como nós, são marginais do
mundo da literatura. A semelhança entre ratos e escritores iniciantes não é
mera coincidência. Somos muitos, milhares de milhares, com histórias originais
ou não, muito ou não tão habilidosos com as palavras. Sobretudo, somos anônimos.
Os ratos vivem à
margem da sociedade, espreitando às sombras e alimentando-se de sobras. Quando
não caçados, são apenas ignorados. Conhecidos por seus hábitos noturnos, saem
de seus esconderijos à media que os sons dos passos apressados emudecem. É
quando podem usufruir da liberdade de trafegar pelos becos, avenidas e até
cômodos sem serem perseguidos ou achincalhados. Não são como os hobbits, mas,
em geral, ninguém os ouve.
Alguns ratos são mais ativos que outros. Andam de um lado para outro, transitando entre compartimentos, ligeiros e espertos. Assim são alguns de nós: conhecem as principais avenidas e mais ilustres ambientes, mas apenas quando vazios. Não podem coabitar simultaneamente o mesmo espaço que os grandes humanos. Há sempre crachás, convites, listas de convidados ou qualquer outra ratoeira na entrada. E se algum rato se aventura, precisa ser ágil para escapar das solas de sapatos de agigantados seres que se riem e compartilham de um mundo particular, distraídos e despreocupados com o que se passa abaixo da linha da cintura.
Há uma diferença,
contudo, crucial entre os roedores urbanos e nós, escrevedores iniciantes:
aqueles querem permanecer anônimos, nós, escritores, queremos ser vistos! Sim,
queremos ser aquela moça sobre os ombros do namorado grandalhão no meio da
multidão de braços erguidos num show de rock. Sonhamos com o dia em que seremos
lidos, reconhecidos por nosso esforço e dedicação.
Nós somos caras
reservados, mas descobrimos, depois que as circunstâncias estamparam diante dos
nossos olhos em um desenho graúdo, que a timidez, o recato e a discrição são
ótimas maneiras de perpetuar o anonimato. Resolvi encarar a realidade de que
meus textos não serão repentinamente encontrados por um editor deprimido numa
lata de lixo, até mesmo porque os editores são os primeiros a jogar novos
textos em lixeiras (reais ou virtuais). Na verdade, as editoras fazem isso o
tempo inteiro, e com uma frequência maior do que possamos imaginar.
Esse blog é, então,
um resfolegar no mar aberto do mercado literário, em uma tentativa de não afundar
nas muitas águas que encobrem tantos escritores talentosos.
2 comentários:
uau, boa apresentação! Venham para as avenidas, "ratos" escritores! Tem que ter espaço para todo mundo.
Um elogio vindo de você significa duas coisas: 1) Pulamos uma fogueira, rsrs e; 2) Estamos evoluindo. Um dia escreveremos tão bem quanto você escreve hoje.
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