quarta-feira, 6 de abril de 2016

Adapte-se, mas não perca a identidade.


Muitos autores iniciantes questionam-se a respeito da aceitabilidade de seu estilo de escrita. Alguns chegam a se preocupar se o público prefere ler histórias em primeira ou terceira pessoa. É fato que um escritor escreve para ser lido, assim como um músico quer ser ouvido. Logo, é natural, e imprescindível, preocupar-se com a receptividade do trabalho por parte de quem o lerá. Contudo, há um ponto em que essa preocupação deixa de ser razoável e se torna disfuncional, exagerada.

Diálogo complexos ou simples? Descrições objetivas ou detalhadas? Estes são alguns dos questionamentos mais comuns e realmente importantes, pois o escritor precisa estar conectado com o público que irá atender. Adolescentes tendem a querer histórias mais dinâmicas, assim como mulheres são mais inclinadas aos romances. Logo, o autor precisa saber que público quer atingir e procurar falar de temas que atendam aos anseios do nicho de mercado que visa alcançar.

Como dito anteriormente, porém, alguns autores iniciantes colocam o público em um patamar que sobrepõe sua própria identidade, de modo que sua preocupação principal deixa de ser escrever bem e passa a ser agradar, ou, em outras palavras, para seguirem a onda do momento passam a contar histórias sobre temas que não lhe trazem paixão. Nesse caso, o escritor deixa de ser quem ele é para ser o que o leitor espera que ele seja. Faz lembrar um daqueles casos em que o adolescente sonha em fazer teatro, mas é obrigado pelos pais a cursar medicina. Sim, ele provavelmente ganhará mais dinheiro. E sim, ele será frustrado.

Como, em geral, as pessoas no Brasil não vivem de escrita, então por que escrever algo que não lhe apaixona se sua sobrevivência não depende disso? Por que, ora bolas, você fará de seu hobby (que você leva muito a sério, suponho) algo que deve atender aos outros antes de lhe satisfazer?

Mudar completamente de estilo ou deixar de escrever sobre o que lhe apaixona irá tirar o prazer que você sente em criar histórias. Seu hobby se tornará apenas um trabalho e já não lhe dará o mesmo prazer. Consequentemente, haverá uma boa chance de faltar-lhe inspiração e, o mais importante, de haver queda na qualidade de sua escrita.

Então, se posso lhe dar um conselho, é este: adapte-se ao seu público, mas jamais perca sua identidade; seja quem você é, escrevendo sobre o que gosta. Fazendo isso, é possível que você jamais escreva um best-seller, mas se realizará ao escrever.

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